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28 fevereiro, 2013

Sem meia despedida

Eu não sou daqui também, marinheiro
mas eu gostaria de te levar de onde eu venho
onde águas que passaram não nos tocam os pés
e lembranças sofridas já deixaram a memória.
Ilhas de distância, e uma outra estória.
e estes remos que carrego
que não te levam ao céu, mas te levam em frente.
á frente de toda essa escória
que insistimos em ter o dever de carregar
como uma herança falida de um pirata naufragado.
Não vejo o tesouro de coisa alguma
nem o brilho do ouro sob a escuma.
não vejo olhos, braços
abraços e afagos.
pois estou na superfície, e é lá
que não quero estar,
por favor, me deixe afundar...

...afundar...

27 fevereiro, 2013


Ela tinha os olhos verdes mais lindos
e um buraco no coração
ela o tapou
com cimento.

26 fevereiro, 2013

Barganha

na prisão todo mundo é inocente
no amor ninguém é culpado
na televisão todo mundo é contente
nenhuma mulher se masturba
e nas palavras todo mundo é sincero,
é nos atos que mentem
enquanto a boca diz
coisas que não sentem.

"Como podem eles olhar dentro dos meus olhos
e ainda assim não acreditar em mim?"

Ora, Wilde.
Não seja ingênuo!
Hoje em dia se vendem olhos no mercado negro
e sentimentos nas cafeterias.

24 fevereiro, 2013

Metamorphose

Eu que sempre cuspi contra o vento
estou cansado deste caminho
não sei se procuro, ou se me vendo
e sei que morrerei sozinho.
sob a sombra de todas estas
árvores que apreciei a vida toda
e ah! como eu queria ser uma.
Poderia eu ser, importante
para algo, para alguém.
Elas sabem porque vivem
e eu não consigo nem
ser o suficiente...

22 fevereiro, 2013

As pessoas

são como o vento
faz tudo a sua volta parecer vivo
te toca, vai embora e
sem conseguir prender,
só resta sentar a sombra
e aproveitar enquanto sopra

20 fevereiro, 2013

Poema vulgar de quem fingiu não saber quem é


liberta aquele que se acha livre
livre aquele que sabe o que vive
livrai-nos do mal?
perderia eu, metade de mim mesmo
prefiro continuar a esmo
com esta vontade de viver
que já nem faço tanto drama.
Sim, depois de sete anos ainda como grama.
e quantos gramas a mais você tem?
Somos todos vulgares entre paredes
e sabemos disso, então porque tudo isso!
estou cansado das coisas simples
serem tão complicadas
e dessa gente estúpida.
Eu juro que o mundo seria bem melhor
(pra mim)
se eu fosse deus.

06 fevereiro, 2013

Quatorze vidas

regaram os cactos até morrerem
bajularam os cretinos
até se convencerem,
mas não disseram o que queriam ouvir
por medo de ser verdade.

pisaram nos cactos mortos
mataram o resto dos cretinos
ninguém está mais nem aí,
se é a verdade
que queremos ouvir.

Perdi o paço, passei o papel
mal disse até logo
em um descompasso casual,
um pêndulo que não para
para perdoar o que ficou.
agora perduram-se
as cargas externas
que esquecemos
de esquecer
em outrora.

02 fevereiro, 2013

Venteriorando

é apenas outra coisa que não sei
e se não sei, porque insistes
em me perguntar novamente?
porque insistes em achar que sabe
sobre mim, o que nem eu poderia afirmar.

somos seres tentando se encontrar
e ter desculpas pra anular nossa culpa

e eu nem sei
de que sou culpado.

me dizes então, quanto tempo ficaremos
assim, parados, meio lá, meio cá
esperando que o vento nos mova
e tome as decisões que tentamos evitar

[ . . . ]

de quantas coisas precisamos nos arrepender
pra acertar alguma vez que seja
porque já estou cansado de acertar
o erro.

Ah, devaneios
se alastram em todos os veraneios
me deem um tempo, alastrem-se em outro alguém
vão para lá do mar, vão além!

esses passarinhos dizem muitas inverdades
ou,
verdades, não sei mais onde me enquadro
se pedires eu sumo, mas me desejes boa sorte.
e por favor, fale bem de mim
já é difícil seguir com a minha auto-estima.

 
 
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