de repente vi o mundo.
Não pude gritar,
não havia nada peculiar.
Guardei todas as dores,
encaixotei todos os amores.
Observei pela janela
toda a vida amarela.
Perguntavam-me como estou
não lhes respondi, agora que sou
mudo,
como o anoitecer.
Os poetas morreram
e restou os prédios,
e os túmulos
o cheiro de asfalto
subúrbios de barro
casas de madeira
os pregos
e cimento.
Engessaram-me, como todos os outros
o mesmo engano que a todos enganaram
roubaram
o busto de metal
e o brilho nos olhos.
Enquanto acordei mudo...
pintaram o muro...
de cinza.