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19 dezembro, 2012

O dublê de cena alguma


quantos corações se partem
quando alguém parte.
em parte, isso faz parte.

e eu
sou o estrangeiro,
chego atrasado e sento ao lado
sou diferente, disse ela.

Pois sou o dublê
dessa história mal contada.
A opção,
de quando você não tem mais opção.

preenchendo os buracos,
afogando estas âncoras de papel
em mar raso, de água calma

não sei se é um abraço
ou uma guilhotina.
Mas por este período
ela me tirou da rotina
[...]
e me pôs em outra.

Já chega desse filme!
e por favor demitam o roteirista.

17 dezembro, 2012

Quatro estações


amores duram apenas um ano, no máximo,
se passar disso é por preguiça
de procurar alguém melhor.
Então me contento que você
é tudo o que posso ter
agora.

13 dezembro, 2012

Entre vielas e estradas de tijolos, sujas e cheias de bichos

Procurei amores em bares
vi a escória caindo em pares
foi um desperdício.

então, procurei nas bibliotecas
mas era só pose
e pessoas que iam a discotecas.

Cá estou, em mim
apenas, e só.
é só desespero de um abraço
é só outro dito que faço
prevalece a premiação
de mais nobre
e inefável coração.

Que jamais se ausentou
porque jamais realmente
ficou.

E quem fica
já não fica mais
apressa o passo que estica
e protege-se de mim.

já não sei mais
se é devaneios demais
que não me cabe.

mas digo a ti, amor
não erre de endereço
já é tanta desilusão
que eu nem sei se mereço.

06 dezembro, 2012

Um nó em cada ponto


já me julgaram ser incapaz
de gostar de alguém
e correr atrás.
Quem eu conheço, já magoei
há tantos amores que matei
porém nunca me perguntei
pelo que passei para estar
aqui.

mendigando que me notem
escrevendo pra que outros olhos chorem

eu sei
[...]
fui criado num mundo
onde monstro me tornei.

Uma terra onde não sou rei
cidade onde eu não sou ninguém
é disso que sou parte
dilacero as carnes com minha arte

o teu sorriso é meu castigo
e nos teus braços sou abrigo
tua palavra diz que consigo
não te vejo mais só como amigo

eu sei
[...]
estamos perdidos
ao longo do tempo
em que não tivemos
tempo
de dizer que nenhum de nós estava pronto
para dar um nó em cada ponto

e pronto.

04 dezembro, 2012

A metamorfose (ou o mentiroso)


a poesia salvou o sincero
de ser odiado
e permitiu o mentiroso
de ser sincero.

Acredite, é tudo mentira.

E eu, esperto que sou
consegui ser mentiroso e odiado.
Nem todos nascem com sorte
e sorte, tenho eu
de não ter tido mais azar.

e se amanhã eu acordar diferente
é porque cansado estava
de ser eu por mais um dia.

quem sabe acorde sincero
ou fingindo que sou,
vocês nunca saberão a verdade

só me importa não acordar vazio
pois isto, seria a morte em vida.

02 dezembro, 2012

Esta não é uma poesia triste


Sai de casa
apenas por sai
andei sem direção
e me perdi

ah, como é bom estar aqui
sem saber dizer onde estou
com estranhos ao redor,
sem lembrar do que restou
ela trancou
dentro
de mim
o que
jamais
amou.

Só para me envenenar a cada dia
sofrer em cada despedida.

E aquela velha praça
hoje me leva a desgraça
meu amor, isso não tem graça
ela sorriu
fingiu
que nem
me viu.

e eu finjo que me importo
em parecer alguém melhor
do que tu jamais admitiste

Esta não é uma poesia triste.
 
 
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