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27 maio, 2013

Então eu serei a hiena

me levantei, e fui embora
não era bem vindo,
e onde sou?
a vida me beijou
como um vampiro
e tirou outra vez mais
o prazer de estar aqui.

Não há mais lugar para sentir-se
bem, em toda esquina
desta cidade me encontro
em qualquer outro lugar.
sou forasteiro e meu coração
mora longe demais.
Embriaguei-me em teus horizontes
e não percebi que eu estava
só, ao contempla-los.

Teus mares me tomaram o riso
as ruas se tornaram um risco
de conhecer outra alma sem rumo
vagueando pelas vielas da lembrança
de tanta mente sem brilho
como a minha, demasiadamente enfadada.
Ó, ignorância! Sinto saudades
juro que amanhã me embrulho em
papel celofane e volto
de onde nunca devia ter partido.

23 maio, 2013

Próxima parada

te espero, como quem anda
de bicicleta desviando das folhas
em pleno outono
te espero, porque as pessoas
certas sempre se vão
com todos esses ônibus
que te levavam embora
toda hora
pra qualquer - outro - lugar

eu espero, pois não sei
o que me espera, doutro lado
e se alguém me espera, eu digo
que não vou chegar
a tempo.

21 maio, 2013

A mulher da minha vida

me fizesses em todos os dissabores
não me deu espada, nem escudo
e sim, me ensinou a ser
alguém melhor para este mundo.
E tantas foram as vezes
que me fiz de surdo.
e tudo o que não ouvi por anos
certamente ouço agora
mesmo continuando surdo.

Estou a caminho de me tornar
quem eu sou, e metade deste caminho
sou você
e no que ainda falta percorrer
te sinto em cada passo.
não há orgulho maior
do que ter metade de você
aqui, sempre comigo

Há apenas um lugar neste mundo
para chamar de lar,
e mesmo que eu não esteja lá
algum dia eu irei voltar
para olhar aquelas velhas fotos
quando meu mundo era o quarteirão
e não sabia nenhum palavrão.

Mãe, e se me perco em palavras,
é porque elas não conseguem expressar
o meu amor pela mulher da minha vida.

09 maio, 2013

Sempre um novo porto

a tempestade me abraçou
e não me sinto mais tão só
eu escolhi viver aqui
mas não irei me despedir
se um dia resolver...
me repeti uma outra vez,
estou cansado do devir
e já não sei pra onde ir
eu já não sei...

A estrada me trouxe de volta até...
e ela sempre me traz,
é tão difícil aguentar um dia mais
ame-se, ou, deixe-se.

Deixe-se levar por essas ondas
que jamais voltam a ser
o que eram em outrora.
Há sempre um egocentrismo
em todo esse amor-próprio,
e podem até me chamar de tolo
mas prefiro me deixar
ir embora, sempre que chego
assim, ao menos, deixo saudade.

02 maio, 2013

Toda poesia

sussurrou em prantos surdos,
jamais hei de ouvir lástimas
nem lembro qual foi a última
vez que me fiz em lágrimas.
já que minha solidão
se fez letra, se fez só.

eu as divido, quem se importa?
já vi tanta existência sem vida
como os vermes que rastejam
toda noite, em toda viela.
E jamais houve alguém
que decifrasse os cantos
Nos acostumamos tanto
com a superfície
que qualquer milímetro de profundeza
cansa.

e me dizem sempre:
"seja mais objetivo"

É assim que eles matam
toda poesia
todos os dias.
 
 
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