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16 fevereiro, 2014

e partir é nunca ancorar pois não vejo terra firme que suporte

achei ter guardado todos
os meus sentimentos
e lá no fundo eu sabia
que o mar não descansa.
a tempestade é caronista
e varreu pra bem longe
parei, ancorei meus pés
o mar absoluto
atravessa quem fica.

aprendendo a conviver
com corpo estrangeiro
sabendo que sofrer,
afinal, é passageiro.
e tudo é apenas
poeira pedindo
uma chance de
virar areia.

Não há solidez
nem porto eterno.
Quem tem metade
do corpo em água
sempre volta ao mar
e não vale a pena chorar
tentando morrer sem amar.

01 fevereiro, 2014

Eu me vendo por bem menos do que você imagina

não prometas teus mares
tampouco tuas incertezas
de que um dia tudo muda.
me disseram que todos 
precisam de terra firme.

deu-me seus piores encantos
Ah! como amo suas misérias.
como um rato noturno
me alimento de teus vícios
assim somos um para o outro;
espelhos, tentando refletir
o que gostaríamos de não ser.

às vezes tento dizer à mim
que sou uma outra coisa,
finjo ser só por hoje
que lhe beijo a baixeza 
e exalto tua carne fria.

Mas no fim sou o mesmo,
procurando alguém
que pague quase nada.

 
 
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