Páginas

27 julho, 2013

Onde a primavera é eterna


poetizei a vida
para não jogar 
minha angústia ao mar,
que tão só já chora
em cada onda que se desfaz 
sem encontrar descanso
pela eternidade temporal
dos temporais que atingiram
o telhado de nossa alma
em busca de migalhas
para atirar aos peixes
que já não ficam em seus aquários.

Me tornei o pior descaso,
dos baldes rasos
que busca afogar-se nos prazeres,
já tão longe de onde vim,
amo a terra dos dizeres.

19 julho, 2013

Sozinho e cercado por todos


Hoje...
não,
ontem, para ser mais exato.
abracei aquele que não conheço
em partes, pois de fato
até o entendia, e no mais
era igual a mim.
Entre um Guanabara e outro
chorou em meu ombro.
porque? não sei
o nome, não perguntei
a vida nos reserva
o que nos é próprio
assim ficou sob as nuvens
uma curiosidade mesquinha
e um presságio de chuva
que deixa saudade
em todo coração infantil
que assim como as crianças
odeia ficar sozinho.

07 julho, 2013

Idioma morto

penso que não falo português
que pessoa alguma fale minha língua
utilizo um idioma morto.
_ "você só escreve tristeza"
estes não entendem o que digo
e também não entendem o mundo.
Talvez os cachorros, 
estes sim me entendem.

05 julho, 2013

Reis

já me perdi algum dia
na beleza de seus olhos
que não possuem alegria
alguma, mesmo sorrindo.

03 julho, 2013

Nihil novi

o mundo, o eterno e a verdade
becos sem saída, a vaidade
tudo isso não é nem metade
e provavelmente, nada são

e provavelmente, eu estou errado
porque também de que me vale
a verdade
apenas aceito que assim seja
sem complexos ideais
de mundos possíveis 
e vidas transcendentais
e quem sabe, até seja eu, livre
por estar perdido nesta corda
estendida no abismo
de minha própria existência.

e quem sou diante desses
que tanto querem, sou alguém
que quer também, e o que quero?
se qualquer vento me move
talvez eu, mesmo assim
sou um negador da vida,
talvez eu,
não seja mais do que isso
o que sou, e nada posso
ser além, além-do-homem?
no fim, aceito isso.

os outros é que não aceitam
e buscam qualquer tipo vulgar
de felicidade apolínea;
eu não...
Eu não, meus caros.
Acho que me encontrei
dentro dessas mágoas.

 
 
Copyright © Navios Naufragados
Blogger Theme by BloggerThemes Design by Diovo.com