Páginas

28 novembro, 2012

Hominis Canidae

certo dia,
certo estou que era dia.
me olhou nos olhos
aquele cachorro.
este dia,
que não sei ao certo qual,
aquele mesmo cachorro
deste mesmo dia,
me olhou.

Ele sorriu,
o maldito cachorro
sorriu,
naquele dia certo.

Sorriu olhando nos olhos,
num certo dia
um certo cachorro
tenho certeza
que sorriu pra mim.

E eu,
que neguei sorrir
para tantas pessoas
neguei olhar
em tantos olhos,
percebi que
neste certo dia
o cachorro estava certo.

ele me venceu
porque quem olha nos olhos vence.

27 novembro, 2012

Me envie o seu travesseiro


É de costume,
me apaixonar pelas gordas.
E num mundo onde garotas
não tem mais queixo
que sentido há na perfeição
mascara em pó
mesclada, a beleza
sem dó.

uma modéstia medíocre
plantada em cada olho maquiado.
em toda técnica avançada,
há um babaca a espera
de mais um (não o último)
elogio falso.

Tão inútil quanto uma bola quadrada
uma casa sem teto
ou uma curva reta.

em que linha de chegada
hão de encontrar sua meta?

Na face mascarada que
se apresenta como Amanda
não olha a mentira
mas se olha
no espelho
[...]
e espera ser amada.

Confusa e sem direção
não percebeu que já escondeu
o rosto e o coração.

22 novembro, 2012

Se sou livre, ponho o título que eu quiser


Essa tal liberdade
que entre os dedos
posso nunca a ter sentido.
E por definição
posso nunca saber definir.

Se liberdade é não ter chão
felizes são as nuvens.

E o que fazem os homens livres?

não fazem!

e tu
que és livre
[...]
livre-se logo
de si mesmo.

19 novembro, 2012


parei
de viver o hoje
para viver
de passado
[...]
mas não sei
onde meu futuro foi
parar.

14 novembro, 2012

Oh, Captain!

Sempre me disseram
que há males que vem para o bem.
E veio,
trazendo o mal junto.
com nome
endereço
e um cabelo que
costumava ser vermelho.

esqueceu-me
por jamais se lembrar,
não soube guiar-se
pelas estrelas, e perdeu-se
em tudo o que desejava
dizer.
que continuou
não dito.
e continuei a deriva

tendo as perguntas
e ela sem palavras.

não sei como
enterraram tão fundo
esse apreço que carrego

não sei

[...]

12 novembro, 2012

Quase nada

Seus pés de pena
pisaram levemente
o solo com
espinhos que
também chamo
de passado.
E nem se quer
sentiu a ruína
de minhas almas
em frases
sem rimas.

outra vez mais
me aprisionou
em teus braços
como quem veste
uma camisa de força
por ser louco
assassino, ou,
ser eu,
um pouco
de cada.

...um pouco...

de quase nada.


11 novembro, 2012

Aos serem sem altura


Tornei-me esquecido
enquanto passavas
de boca em boca
deixando seu veneno
onde os vermes
se reproduzem.

Sujaram o mundo
com palavras sem valor
e atitudes miseráveis
daqueles que acham
que viver a vida
reside na mesquinharia 
[...]
na ninharia de virtude
encontrada nessas
"pessoas"
que cospem à margem,
tudo o que gostariam
de ser, sem poder
porque se perderam
na esquina,
na calçada,
no copo meio cheio
de uma vida meio vazia.

08 novembro, 2012

Um gole de café frio

porque a chuva
caiu de baixo
rápido demais

como teu olhar
que despenca igual as
estrelas cadentes
e já não tens
alvos à acertar,
ou brilhos
neste céu
que não se vê
pássaro algum.

decidi que sou triste
e foi difícil,
não vi a luz
que nunca se apaga.

_"apagou-se"

penso eu,
e o nunca, nunca foi
tão efêmero
do que quando
dissesses que nunca
irias

[...]

embora.




07 novembro, 2012

Baile das danças de ontem


todas as pessoas têm um pedaço
podre dentro de si, por paixão
e lembranças, apego e
vingança.

dançamos sobre os escombros
das memórias que falharam
em nos servir como algo útil
e lembrar talvez seja o pior
dos vícios,

rodeado por muralhas
procurei algo vivo
em meio as migalhas
que deixaram ao chão
para me fazer andar
pro lado oposto
ao do coração.

o passado sempre
nos tira
para dançar
uma última
canção.
 
 
Copyright © Navios Naufragados
Blogger Theme by BloggerThemes Design by Diovo.com