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31 outubro, 2012

Reversal


Ela tem cabelo amarelo
mas as vezes é morena.
Olhos cinzas que de noite
saem para dar uma volta.
Os mesmos olhos
que não me olham mais
se alguma outrora
olhara.

Ela não entende meus textos
ousa dizer que é poema
como se as palavras
quisessem dizer
o que dizem.

acha que me sinto vivo
exaltando copias
de aparência suja
em mundos
possivelmente
impossíveis.

E em todos eles
pretendo não
te encontrar.

24 outubro, 2012

Feito mar


Meu barco
de papel
afundou
nas profundezas
do espaço
de seus olhos
que nada
viram
além de
horizonte
longe e
descontente
por sorrir
sem mostrar
os dentes,
estes, que
rosnaram
para mim
quando
ousei
despedir-me
do fundo
de seus
olhos
verdes.

23 outubro, 2012

Tiro ao alvo


Olhares em forma de navalha
gracejos entre copos e batom
“Oi, tudo bem?”
mas nem me importei de verdade
somos todos hipócritas nessas situações

diz que vai ser diferente
esse jogo
maldito por natureza

porque não podemos ser diretos?
se é tudo interesse
Não estamos aqui para ser gentil

A sedução é viciante.


12 outubro, 2012

Flammat Metropolis



Enquadramos o pensamento
e colocamos o capacete
para receber os burros da vida
sentados,
contemplando santinhos
de sorriso enfadonho,
boca torta
e ficha suja.

Mas tudo bem
já nos acostumamos
a não saber qual é a nossa
verdadeira vida,
quem sabe comece
às 22 horas.
e viver
até às 23.

Talvez eu me atrase
para a minha própria vida,
os sorrisos falsos,
voltaram.
Winston está louco
as crianças 
não acordaram
e abandeira não incendeia. 


07 outubro, 2012

Abra a porta ao sair


Me joguei do nono andar
esperando quem viesse
me livrar de mim

Descasquei as laranjas
e coloquei na bandeja ao lado
para quem sentasse
e sorrir.

[...]

então restou
o resto de migalhas
que ficou
de um passado
que foi assim
que começou.

apodreceu e quem comeu
sentiu que baforava mal,
ela me perseguiu
mais tempo que o normal.

Provavelmente achou que
eu era inteligente
sem saber que o corretor ortográfico
está ligado sempre.


04 outubro, 2012

Aves so


Tristeza é não ter dinheiro pro café,
esperar na fila
e sentir necessidade de fé.

o passarinho latiu
na hora em que o caminhão
do lixo passou pelo rio

maldito cachorro
do vizinho construiu sua casa
de barro pelos postes
da rua
e pois-se a gargalhar
enquanto os seres vivem
de migalha.

quanto tempo ainda viveremos
com os pés nas nuvens
e as mãos no inferno

03 outubro, 2012

Pra não dizer que não falei dos pássaros e das montanhas


Já lhe vi
tão dentro de mi
que não sabia
onde terminava
eu.

E onde começa
essa altura;
se nuvem alguma
tem minhas marcas,
não, que jamais
tenha eu, sonhado.

Mas só durmo a noite.

e tudo é estrela
sem pudor,
e é tudo
nu.

Tirei a máscara
e me deixei levar.
É onde não devia
ter começado
onde eu
podia
-posso-
ser exilado.

Me deixe afundar
nesse deserto
por não ter montanhas
para abraçar
e dizer
que isso é o resumo
de uma vida sem rumo
antes mesmo
de cavar seu túmulo.

...silêncio...

_"Esqueceu os pássaros"
você irá dizer.


01 outubro, 2012

Oh, Barbara!


Tuas palavras soam sempre,
como dizeres,
do mais simples e solene,
sem se perderes.

é em ti, onde fundam-se,
sem derivação e axiomas,
a verdade crua
te acostumas.



 
 
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