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30 agosto, 2012

Metamorphosis

De repente acordei mudo
de repente vi o mundo.
Não pude gritar,
não havia nada peculiar.

Guardei todas as dores,
encaixotei todos os amores.
Observei pela janela
toda a vida amarela.

Perguntavam-me como estou
não lhes respondi, agora que sou
mudo,
como o anoitecer.

Os poetas morreram
e restou os prédios,
e os túmulos
o cheiro de asfalto 
subúrbios de barro
casas de madeira
os pregos
e cimento.

Engessaram-me, como todos os outros
o mesmo engano que a todos enganaram

roubaram
o busto de metal
e o brilho nos olhos.

Enquanto acordei mudo...

pintaram o muro...

de cinza.



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