refiz meu caminho pra ver de onde vim
encontro-me aqui e quem me trouxe?
Nos vinte e tantos outonos que me formam
jamais outrora amei tanto ser lembrado
é egoísmo, eu sei, é mais que isso, meu bem
uma infinita preguiça do tempo que vem
do meu lado, não corre ninguém, porque?
Não sei ao certo quando tornei-me
um temerário de minha própria imagem
O que sentes quando te olhas?
quando fita-te o próprio rosto
e percebes no abismo desta íris
os vãos que se formam entre os passos
os dias que se vão em descaso
encontros que se fazem por acaso
a chuva tardia abafa os dias
congelam as horas do clima cinza
É por querer que assim fica?
quem sabe no amanhã esse talvez
se faça presente nas esquinas da vida
08 junho, 2014
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2 comentários:
O quanto forcei me irromper em minhas limitações para te encontrar, esbarrar, te amar, apenas te olhar
O fruto e a chuva nunca foram os motivos de minhas permanências,
eram apenas a fuga das aparências
Quantas vezes me joguei ao forçado ócio, para te projetar como delírio sóbrio
A quanto tempo, mas tanto, que busquei construir a ponte sob o abismo, quantos casos que fiz de acasos, não veio deste inverno nem do outono, tantas estações, tantas ilusões
quantas chuvas, quantas frutas e quantos rabiscos te escondi
Forcei-me sem medo, cansada do meu erro, de querer amar sem desespero
Quantas vezes me encontrei ouvindo a mesma música incansável, louca por seu afago, sempre instável
Caminho nas utopias que persistem em costurar os abismos com frágeis e tênues fios
e o que ficou? os abismos? os abismos... não, os fios.
os passos anacrônicos, fétidos, incertos
Extraviada, e amando a dúvida olho para o espelho
e por diversas vezes vejo meu eu afogadx
Reduzida a inação, aos desvios, as cotidianidades que me afasta dos passos, dos fios
Persisto em olhar e me encontro no fundo de minhas pupilas tendo espasmos de indignação
Que respinga todas as faces débeis, rechaçadas, dos mares de semi mortxs
Do expurgo virulento que vibra como onda quando sei que entra em consonância com outrx afagadx, dxs que se rebelam
Como toda caminhada, outros passos virão, o desejo de emancipação permanece e persiste, eu te persisto e insisto
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