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14 janeiro, 2014

Tyna Tinsho

era esse o temor que me assolava, teu semblante que transpassava as eras, que não tocava areia alguma do tempo. Adentrava em meu peito tamanha desconfiança, de que pudera realmente aquele momento ter existido, por vezes eu duvidara de que éras exatamente como apresentavas-se à mim. Seus olhos perdidos além do tempo e espaço, que encontravam-se na infinitude de um céu sem estrelas. Um sorriso deveras sarcástico com um tom de superioridade intelectual que me causava náuseas - e mesmo assim - como fui súdito de teus lábios enquanto demonstrava sua sapiência através das palavras mais íntimas, que me tocavam o ser, tão fundo e tão certeiro como jamais haviam tocado palavra alguma. E hoje faz-me tanto sentido, fosses meu algoz e meu demônio, meu Kromer e Demian. Fosses os grilhões e minhas asas. - E como tu, ausente no tempo, extemporânea e andarilha das nuvens; continua a atuar sobre mim. A cada vez que fito, e finjo não ver, pois como sempre não imagino qual seja o próximo passo, e temo a próxima palavra a sair de minha boca. Já desviando-me disfarçadamente, ofegante, com tamanha nostalgia e expectativa. O velho sentimento sempre novo. O inefável.

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