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25 dezembro, 2013

Entre o fim em si mesmo e o eterno retorno

É sempre um desafio. A primeira linha, a primeira palavra, o primeiro beijo. Mas a noite, ésta é sempre a primeira, de cada dia, e parece a primeira da vida. É onde me encontro, onde te encontro, porque sei muito bem onde estou, mas, nem tão certo de quem sou. - Amanhã acordei outro. - Colocaria o melhor disco pra tocar esta noite, mas não tenho nenhum LP, nem mesmo um toca disco. Minhas músicas guardo num hard disk desde os 14 anos. Eu até deletaria algumas se ocupassem espaço, mas esta coisa de bytes, isso nem existe de fato. A verdade é que devo ainda guardar todas as minhas músicas favoritas na mente. Eu poderia pô-las todas em tablaturas, mas não sei nada de música, a não ser, ouvi-las. Não confio muito em quem não gosta de Smiths, e muito menos, em quem começa a curtir depois de ter me conhecido. Há certas coisas que são necessárias a priori. Sabe, não precisa amar, nem dançar com um galho no bolso traseiro. Porque se não é o amor que nos manterá junto, a lembrança vai. E ah! Como eu queria matá-las! Mas a lembrança é um gato radioativo de Tokyo. Ela tem sete vidas, multiplicadas por sete milhões. É um zumbi que lhe come o cérebro até você já não mais aguentar, até se render, e andar com as feridas expostas. A felicidade vem como a melhor coisa que pudera ter acontecido, vem com sorriso falso e as mãos escondidas. Ela te arrasta pro inferno apenas por não ter notado seu novo corte de cabelo. Ah, a felicidade... de nada te ensina, te sufoca e te domina. Se apresenta como um sopro leve, você inspira o ar, e ela vai embora antes que termines de piscar os olhos.
      Sou clandestino, e adoraria me apaixonar... se meu amor não tivesse num coma... minha vida é como luz de estrela, esta aqui, mas acho que já passou, e eu nem notei quando morri. Quem sabe aos poucos, a cada beijo dado, a cada olhar desviado, a cada gozo sem amor, a cada papo furado, ou silêncio quilométrico. Foi assim que morri... tirando meu eu de mim, negando que eu poderia me ser uma boa companhia. Não sei mais em que esquina encontro os restos que sobrou do que eu era.
     Os dias passam, e são sempre outros, mas porque há coisas que não mudam? Ah, dayana, as noites sempre me trazem um pouco do que fomos, e ainda deve ter algum fio de cabelo loiro em alguma roupa que ainda uso desde quatro anos atrás. Pois continuo o mesmo garoto que você um dia amou tanto e escuto as mesmas músicas da minha adolescência. 

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