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09 outubro, 2013

Sobre aprender a morrer

Nem sei bem como começar, acho que ninguém sabe como começa uma história lamentável, a verdade é que essa história pode nem ser real. É o tipo de coisa que se pensa quando senta em uma mesa de cafeteria, sozinho, mas nunca se está realmente só. As pessoas olham, nunca trocam sorrisos, e há sempre algum cretino na mesa ao lado com ideias do século passado, e na mesa da frente, e na cafeteria inteira. Conheço pessoas cretinas que eu nem conheço, irônico e contraditório, que até soa verdadeiro, e talvez seja. Ou talvez seja apenas capricho meu, a verdade é que nem gosto tanto de café, mas cafeteria é um bom lugar pra se sentir bem, afinal, é o lugar com mais pessoas tristes por metro quadrado, até mais que num enterro. A tristeza das cafeterias é legítima, a de enterro é apenas pose, para continuar a se sentir humano, mas a quem queremos enganar, lágrimas não representam nada, a dor vem de dentro, vem de lugar nenhum, de um vazio quase infinito que se esvai em acordeões toda vez que ousamos ver além. E quão longe é esse além onde descansa uma alma morta, onde a primavera é eterna e onde as pessoas trocam sorrisos. Em que lugar da terra fica a bondade?
     Meu vazio me engole e suplica por uma cafeteria aberta às duas horas da manhã, e um pai a qualquer estação do ano.


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